“Tenho sorte de estar vivo.” Mark Zuckerberg, de 22 anos, fundador e presidente do Facebook, o site de relacionamento social que virou uma mania nos Estados Unidos, está se referindo ao dia em que ficou cara a cara com o cano de um revólver. Foi na primavera de 2005, quando ele ia de carro de Palo Alto para Berkeley, na Califórnia. Algumas horas antes, Zuckerberg havia assinado com investidores privados o contrato que lhe garantia US$ 12,7 milhões em capital para financiar a nova empresa. Foi uma grande conquista, e ele pretendia comemorar o feito com os amigos. Mas a coisa ficou preta quando ele entrou num posto para abastecer. Ao descer do carro para encher o tanque, um homem saiu das sombras, balançando uma arma e gritando. “Ele não disse o que queria”, afirma Zuckerberg. “Acho que estava drogado.” Olhando para baixo, sem dizer nada, Zuckerberg voltou para o carro e foi embora, ileso. Hoje, ele não gosta muito de comentar o caso. (Um ex-funcionário deu com a língua nos dentes.) Mas o episódio combina com sua história pessoal, uma aventura com momentos inesperados, às vezes assustadores, que tomou um rumo melhor que se poderia imaginar.
A vida de Zuckerberg parece um roteiro de filme. Um garoto superinteligente inventa uma ferramenta tecnológica quando estudava numa faculdade importante, como Harvard. Ele lança a novidade e recebe ótimas críticas. Alguns figurões começam a rondar o dormitório para conhecê-lo. Aí, ele desiste da faculdade para cuidar de seu rebento e mudar o mundo. Em apenas três anos, o que começou como um site para unir alunos da faculdade se transformou no maior concorrente do MySpace, principal site de relacionamento, controlado pelo magnata da mídia Rupert Murdoch. A grande diferença em relação aos concorrentes é que no Facebook sua página só é vista por quem você permitir. Ele é baseado não em personagens criados apenas para a internet, mas em redes de pessoas do mundo real, interessadas em conhecer melhor umas às outras. Além disso, oferece serviços que facilitam o intercâmbio de informações. Hoje, o Facebook é o quinto maior site dos Estados Unidos, com 39 milhões de usuários cadastrados, atrás do Yahoo!, do Google, do MySpace e do YouTube.
Segundo o comScore Media Metrix, que monitora a atividade na internet, 1% de todo o tempo gasto na rede é passado no Facebook. A comScore também o coloca em primeiro lugar entre os sites que oferecem ferramentas para compartilhar fotos na rede. Seis milhões de fotos são adicionadas no site por dia. E ele está começando a competir com o Google e outros gigantes da tecnologia como destino dos principais talentos no Vale do Silício. De acordo com a analista sênior do eMarketer (empresa americana de marketing virtual), Debra Aho Williamson, o Facebook deverá ter uma receita próxima a US$ 100 milhões neste ano.
Fundado por Zuckerberg em 2004, em seu quarto na Universidade Harvard, na região de Boston, na Costa Leste dos Estados Unidos, o Facebook agora tem dois prédios (logo serão três) de modernos escritórios e emprega 200 pessoas, todas com salários competitivos e pacotes de benefícios atraentes, que incluem três refeições por dia e serviço de lavanderia.
Vestido com um moletom marrom com o zíper fechado, calça cáqui meio folgada e sandálias Adidas, Zuckerberg diz que está jogando outro tipo de jogo. “Estou aqui para construir algo no longo prazo”, diz. “Qualquer outra coisa é distração.” Ele e seus companheiros que comandam a empresa – o co-fundador e vice-presidente de engenharia, Dustin Moskovitz, de 22 anos, seu colega de quarto em Harvard, e o chefe de tecnologia, Adam D’Angelo, de 23, que ele conheceu no ensino médio – estão convencidos de que estão no caminho certo. Acreditam que a abertura, a colaboração e o compartilhamento de informações permitidos pelas redes de relacionamento social pela internet podem fazer o mundo funcionar melhor. Pode parecer que eles são ingênuos, exceto pelo fato de que foram bem-sucedidos de uma forma que a maioria das pessoas nunca será.
Apesar do sucesso que alcançou, Zuckerberg mora até hoje num apartamento alugado, com um colchão no chão. A decoração se resume a duas cadeiras e uma mesa. (“Uma vez, fiz um jantar para uma namorada”, ele admite a certa altura. “Não deu muito certo.”) Vai a pé ou de bicicleta para o escritório todo dia. Ele cresceu em Dobbs Ferry, subúrbio de classe média alta de Nova York. É o segundo de quatro filhos – e o único homem – de um dentista (ele não tem cáries) e de uma psiquiatra (você pode completar como quiser a piada sobre sanidade mental). Começou a mexer com computadores bem cedo, aprendeu a fazer programação por conta própria. Quando estava no último ano do ensino médio, ele e D’Angelo fizeram um programa para o Winamp, um tocador de MP3 que “aprendia” os hábitos musicais de uma pessoa e criava uma lista de acordo com seu gosto. Eles ofereceram o download gratuito de sua criação na web, e grandes empresas, como a America On Line e a Microsoft, entraram em contato. “Foi uma oferta do tipo ‘vocês podem vir trabalhar para nós, e, ah, por falar nisso, nós também vamos levar essa coisa que vocês fizeram’”, diz Zuckerberg. Mas os dois resolveram ir para a faculdade. D’Angelo para a Caltech e Zuckerberg para Harvard, onde tudo começou.
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